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Primeiro Julgamento – Diretrizes da História (Gn 3.8-21). As consequências da queda são catastróficas. Trazem o julgamento divino que é a morte pela condenação. Mas a morte que se experimenta aqui, em primeiro lugar é dor, medo, separação, a perda do paraíso. Tudo isso culminará no julgamento e destino consequente. A queda é a perda da comunhão com Deus, que trouxe o juízo. A tristeza destruiu a alegria. Imagem de succo por Pixabay.
A história poderia ter terminado de vez no seu início. Mas Deus entrou com o plano soberano, em promessa, direcionando a história para um fim glorioso: transformar a maldição em bênção.
As partes do julgamento
1 – Intimação para o Julgamento: prestação contas (8-13)
Estes versos dão a entender que Deus costumeiramente procurava o homem no final do dia para este lhe prestar contas de seu trabalho no jardim.
Parece com o que encontramos nas Parábolas das dez minas (Lc 19.11-27); do bom e do mau servo (Mt 24.45-51); e dos talentos (Mt 25.14-30).
Visto que o homem e tudo o que há é obra do Criador, aqui chamado de Senhor Deus (Jeová Deus – portanto, um texto Javista), então este tem direito e autoridade sobre sua obra. O homem não pode fugir da prestação de contas, nem se justificar diante do Senhor (Dono) do jardim.
Se o homem fosse obediente, o Senhor lhe recompensaria, provavelmente, com a bênção de comer da árvore da vida. Nas parábolas há recompensa eterna aos fiéis, do tipo: “Entra no gozo do seu Senhor”, e, “sobre o pouco fostes fiéis, sobre o muito te colocarei”.
Mas a soberania misericordiosa de Deus não privou o homem eternamente da árvore da vida, mas estabeleceu um meio para ele comer dela. Para isso, é preciso entrar pelo caminho que Deus construiu para o novo Jardim: O Caminho é Jesus, o Cristo (Ap 2.7;22.2).
1.2 – Por que Deus Intimou Adão?
Foi para ele que Deus tinha dado a ordem de não comer da árvore (2.16,17), antes da formação da mulher. Ele tinha maior responsabilidade, por isso é cobrado primeiro. Ele deveria recusar o convite para comer do fruto proibido, e repreender sua mulher.
A desobediência trouxe-lhes a concepção do mal em contraste com o bem que conheceram antes no jardim. Agora, eles conhecerão o medo, a vergonha; juízo e dor (8,10,14-19).
Antes do pecado o homem e a mulher eram uma unidade um com o outro, e também, com Deus. Não tinha qualquer vexação, nenhuma crítica, nenhuma contrariedade, nem motivo de repreensão. Agora estão escondidos, possuídos pelo medo. Alienados um do outro e, de Deus.
Não sendo uma unidade com Deus, o homem passou a ser unidade com o outro, a quem obedeceu. Quem obedece ao pecado é servo do pecado.
“Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” (Rm 6:16).
O homem, afastado da comunhão com Deus, não encontrou segurança no outro a quem obedeceu. Pelo contrário, viu-se abandonado. Pela primeira vez sentiu insegurança e medo. Mas Deus o procurou para o diálogo. Daí em diante seria sempre assim: Deus procurando o homem para consertar seus caminhos.
1. 2.1 – O Começo da Insegurança e do Medo.
O homem ao pecar estava dizendo a Deus: “Eu acredito na serpente. O Senhor mentiu para mim sobre esse fruto. Ele é bonito, gostoso e me faz sábio”.
Isto é, o homem ofendeu a Deus chamando-O de mentiroso e egoísta. Agora Deus sai à procura do homem como Juiz, Médico e Amigo com correção, humildade e promessas de salvação. Amor e justiça norteiam o diálogo.
Se Deus fosse vingativo e apático, deixaria o homem entregue à sorte que escolhera. Mas Deus sempre sai a nos buscar como o pastor à sua ovelha perdida. Deus não é indiferente à nossa dor.
1.2.2 – Divisão da Humanidade
O pecado da desobediência, portanto, dividiu a humanidade. As diferenças entre os seres humanos serão cada vez mais percebidas e aguçadas. Nestes últimos dias essas diferenças estão sendo polarizadas. No mundo não democrático, os homens dominam e escravizam às mulheres. No mundo democrático, as mulheres lutam para se verem livres de suas maldições: maternidade, através de contraceptivos e outros meios; a dor nos partos, pelos anestésicos; e a independência total dos homens.
Os avanços nessas conquistas só os distanciam mais e mais. Isto que vem como conquistas e progressos são, na verdade, a maior derrota. Uma casa dividida contra si mesma não pode subsistir.
O desafio de manter a comunhão será constante. Conforme Broadmam “Avançar em uma unidade por entre a diversidade é o alvo da criação”.
Por que O Senhor Nos Fez Assim? A pergunta é: Por que Deus permitiu a entrada do mal no mundo e na vida do homem? Quando Deus projetou criar o homem, criou-o à sua imagem e semelhança. Deus não queria que o homem fosse IA (Inteligência Artificial), condicionado ou programado a amá-lo ou a odiá-lo para sempre. Fosse assim, o homem não seria livre. Não teria a liberdade, que é uma característica de Deus, expressão de sua semelhança no homem.
O Apóstolo Paulo responde essa:
“Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” Romanos 9:20.
A árvore do conhecimento do bem e do mal simbolizava a opção de escolha: obediência ou desobediência.
A liberdade ou livre-arbítrio é o meio de Deus escolher aqueles que seriam capazes de amá-lo por meio daquele que O ama: Cristo, o Filho. Estes que amam a Deus por meio de Cristo serão os eleitos para habitarem o novo céu e a nova terra onde o mal não penetrará jamais, e a comer da árvore da vida (Is 65.17; Ap 21.1).
Sendo assim, a mensagem de Deus para o homem é: Sejam responsáveis em suas escolhas e valorizem suas vidas como a única oportunidade que lhes dou para terem a vida eterna. Para isso lhes darei O Modelo de Homem Ideal, O Cristo.
1.2.3 – Morte
Conforme Deus disse: “Certamente morrerás”, a humanidade (Adão e Eva) passou a experimentar a uma existência maldita, de dor, de dificuldades que culminará na morte física (4.8-16; 5.5-32), e na condenação no julgamento de Deus (Hb 9.27). Mas, aponta para a extinção do mal, conforme viriam a conhecer através do Evangelho, na existência dos que seguissem a Jesus, O Modelo, pela fé (1 Jo 3.8). Nele o julgamento que gera a morte é removida (Jo 3.18).
Este plano, Deus começa com a promessa. A ação será de Deus: “Porei” (3.15). É o “protoevangelho”. Essa promessa sustentaria a história e seria mantida a Noé, depois se desenvolveria com Abraão, quando ganharia mais expressividade pelas circunstâncias em que se deu e ao que alcançou: a eleição de Israel. Mais tarde, ela ganhou status de Pacto com a nação descendente de Abraão através de Moisés. Foi confirmada a Davi, no período real e pregada pelos profetas. Em todos os casos, Deus é o Agente Principal. Mais adiante voltaremos a falar disso.
Todas as fases da promessa sempre apontavam para o Salvador que viria satisfazer as exigência da justiça de Deus e destruir o mal (Gn 3.15). A fé cristã identifica, pelas Escrituras, que a promessa se cumpriu em Jesus, o Cristo, na plenitude dos tempos (Ef 2.10; Gl 4.4).
Em Jesus é que se dá a eleição eterna, pela pregação do Evangelho. Este Evangelho é o instrumento tanto para a salvação, quanto para a perdição (2 Cor 2.15). O Evangelho reabilita o homem para, no uso da liberdade, a dar uma resposta consciente a Deus: Sim ou não; céu ou inferno; obediência ou desobediência; Cristo ou Satanás; Vida eterna ou morte eterna.
2 – O Julgamento e AS Consequências do Pecado no Homem
1 – Fuga (8). “Esconderam-se”. O homem tenta fugir de Deus. A fuga é consequências do medo de enfrentar a situação. Não resolve o problema, apenas o adia, até o dia do encontro com Deus no tribunal. Melhor acertar-se logo com Deus.
2 – Consciência de culpa (3,7,8,10). Foi pela desobediência que o mal entrou na humanidade. Isaltino lembra que Jesus manda 487 vezes “não temas”. Por que? 1 João 3.8;4.18-19 nos dá a resposta: O medo é obra do diabo. Quem crê não teme.
3 – Perda do paraíso. Foi expulso. Isto significa separação de Deus e suas bênçãos. Aqui começa também a separação, alienação. Todos a partir daqui estariam debaixo do pecado (Sl 51.5; Rm 3.16; 5.12). Mas Deus usaria de misericórdia para com todos (Rm 11.32; Gl 3.22).
Islatino diz que o homem não evoluiu. Caiu. “O pecado derruba, e não ergue. ‘Nú’ é eirum, a mesma palavra para ‘serpente’. Em vez de ser Deus, o homem passa a ser serpente”.
4 – Julgamento e Condenação (3.14sgs). Ninguém jamais fugirá ao juízo de Deus. Todos teremos de comparecer perante o tribunal de Cristo (Rm 14.10; 1 Co 5.10; Sf 1.12).
5 – Dor é o resultado de tudo.
No Tribunal:
– Adão, como se declara? – Disse Deus.
– Eu sou inocente. Culpado é o Senhor que me deu essa mulher.
O tom mudou totalmente contra 2.23. O homem não assume sua culpa. Projeta-a sobre a mulher e ainda acusa a Deus (12).
Negar a Deus e ao Seu Filho, bem como ao Espírito Santo é continuar fugindo da responsabilidade da culpa e continuar debaixo do juízo, pois a culpa recairá sobre o culpado. O Juiz conhece os culpados.
A mulher, da mesma forma, acusa logo: “A serpente me enganou, e eu comi” (13). Porém na sua negação há uma confissão: “A serpente me enganou”. Isto é, fui enganada a fazer o que não deveria ter feito.
O diabo é enganador e usa de mentiras para cumprir sua missão, com calúnias (diábolos = caluniador, acusador – Jo 8.44; Ap 12.10).
Já com a serpente não há diálogo. Deus vai direto à condenação. Esta é outra distinção entre “alma vivente” racional e “almas viventes” irracionais. Com o homem, Deus dialoga. Com a serpente, vai logo à sentença.