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A Igreja Que Devemos Ser é o tema do mês de aniversário da Igreja Batista Betsaida em Samambaia – DF, onde tive a honra de pregar no domingo, dia 12 deste mês de novembro. Nossa reflexão foi baseada em 2 Pedro 3:8-13.
Trata-se de um tema atualizadíssimo. O mundo inteiro valoriza e até nos leva a buscar o “ter” em detrimento do “ser”. Mas, para Deus, e é claro, para a Bíblia, o importante é o ser.
Este tema busca exatamente essa identidade. E busca-a da melhor maneira: como Igreja debruçada sobre o fundamento eterno, que é palavra de Deus. Jesus disse: “Passará o e a terra, mas minhas palavras não hão de passar” (Lc 21.33).
Por que 2 Pe 3.8-13? Porque é um texto que aponta para o nosso tempo, nossas mazelas e necessidades.
Mas, qual é a Igreja que devemos ser?
1 – Devemos Ser A Igreja Que Vive na Expectativa da Volta do Senhor (8-10).
O Apóstolo Pedro apela à nossa lembrança, “não deveis esquecer” (8).
Você está aguardando a vinda do Senhor ou já está crendo com o mundo que Ele não virá?
Às vezes caminho na floresta conversando com Deus e olhando as plantas, agradecendo a Deus as belezas da natureza que Ele criou.
Quando o céu está limpo, sem nuvens, penso: Não é hoje que o Senhor vem, pois Ele disse que virá com as nuvens. Quando há nuvens, penso: Será que é hoje? Bem que o Senhor poderia voltar hoje! Porque que o Senhor está demorando tanto? Este mundo está uma nojeira! Está pior do que Sodoma e Gomorra. Como é que o Senhor aguenta isso? Eu que sou um pecador, estou pra morrer de desgosto com os rumos que este mundo está tomando.
Se eu fosse Deus, eu já teria acabado com isso tudo.
Por que o Senhor está demorando? Pedro responde (9): Deus é longânimo. Ele não quer que ninguém se perca, mas que todos se arrependam.
Não é que Deus vai salvar todas as pessoas na terra, mas que ainda há pessoas que vão aceitar a salvação. Na linguagem de Paulo em Romanos 11.25, “até que a plenitude dos gentios haja entrado”. Deus sabe quantos ainda precisam ouvir o Evangelho.
Quando essa plenitude dos salvos será alcançada? Não sabemos. Pode demorar dias, meses, anos, séculos ou milênios. Mas, devemos ter a certeza, a convicção de que acontecerá. E então, Cristo virá.
Deus não tem pressa. Ele não é afetado pelo tempo. Deus não envelhece; não caduca. Pedro lembrou (v 8) o Salmo que diz: “Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite” (Salmos 90:4).
Quando a Bíblia fala dos últimos dias, nós pensamos que ela se refere à sequencia de hoje que será amanhã. Mas já estamos vivendo os últimos dias desde o episódio da cruz.
Para Deus todo o tempo da história da humanidade é apenas como um capítulo de novela. Ele sabe o dia que nascemos, mas sabe também o dia, a hora e a forma como morreremos. Deus já viu quem vai para céu ou para o inferno. Ele já assistiu a esse capítulo. A eternidade de Deus o coloca antes do tempo, dentro do tempo e depois do tempo, como Criador e governador do tempo.
Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente (Hebreus 13:8).
Então, Cristo ainda não voltou porque há muitas pessoas para se arrepender. Muitas pessoas para serem salvas.
Então devemos ser a Igreja que aguarda, ardentemente, a volta do Senhor, como a criação também aguarda:
Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus (Romanos 8:19).
2 – Devemos Ser a Igreja que Abrevia a volta do Senhor (12).
Nós devemos ser a Igreja que aguarda ansiosamente a vinda do Senhor. Porém, não aguarda imóvel, inerte, mas operosa na pregação do Evangelho de Cristo, no discipulado, na comunhão e no compartilhar o pão.
Na linguagem de Pedro (v 12): “Esperando e apressando a vinda do Senhor”. Como apressando sua vinda? Levando o Evangelho até os confins da terra.
E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim (Mateus 24:14).
Mesmo que alguns nos ridicularizem, devemos ser ousados. Porque sabemos, estamos convictos de que o Senhor realmente virá.
Não se preocupem em edificar templos, mas em edificar vidas; salvar vidas. Jesus não nos enviou para construir templos.
Não se preocupem em realizar eventos agradáveis às pessoas, mas em fazer as pessoas agradáveis a Deus.
Não sejamos mais cuidadosos de nossa identidade jurídica do que de nossa identidade espiritual. A nossa cidadania é celestial. Nosso CNPJ e nosso CPF são de outro mundo (v. 13).
Não muito longe de nós há muitos vivendo sem esperança. Levemos esperança. Como? Fazendo discípulos. A igreja existe para discipular pessoas na palavra de Cristo. Foi isso que Jesus nos mandou fazer (Mt 28.18-20).
3 – Devemos Ser Igreja Santa (10-13)
Porque o Dia do Senhor Está Próximo
Pedro lembra que o mundo vai acabar. Isto vai acontecer na volta do Senhor. Haverá um abalo cósmico “com estrepitoso estrondo”. Será a trombeta do anjo anunciando a chegada do Rei Jesus.
“Os elementos ardendo se desfarão abrasados”. “A terra e as obras que nelas existem serão atingidas”. Por isso que não é bom gastarmos muito em construção de templos.
Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro (1 Tessalonicenses 4:16).
Pedro adverte de que esse dia virá como ladrão. Então, que criatura nos convém ser diante de tudo isso?
Devemos ser a igreja que vive em santo procedimento e piedade esperando e apressando a vinda do Senhor. O mundo vai acabar, mas nós aguardamos novos céus e nova terra nos quais habita justiça (12,13).
A Igreja Foi Chamada Para Ser Santa
Mas, Deus criou novos céus e nova terra para novas criaturas. A Igreja é corpo de Cristo formado por essas novas criaturas, pessoas compradas, redimidas pelo sangue do Cordeiro, com que branquearam suas vestes (Ap 7.14). Nenhuma velha criatura vai entrar no lar da glória.
O chamado de Deus é para santidade “Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo”(1 Pedro 1:16). Pedro lembra, mais uma vez, do pré-requisito: santidade (11).
Visto que lá não entrará coisa alguma impura, como está escrito:
E não entrará nela coisa alguma impura, nem o que pratica abominação ou mentira; mas somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro (Ap 21.27).
Daí, temos de buscar ambiciosamente a santidade. Há muitos crentes flertando com o pecado da lascívia, da prostituição, da avareza… Há muita gente querendo andar na igreja e no mundo. Muita gente que se diz crente está atolada até o pescoço na imundície do pecado, e ainda com a cara de pau de doutrinar aos outros. Fariseu!
O crente pode até pecar, mas se for verdadeiramente crente não será sínico, hipócrita. Há de buscar o remédio da confissão e do perdão do Senhor e de sua Igreja.
Igreja Santa não Cai na Rede
Com a valorização do “ter” e não do “ser”, o consumismo vem dominando nos nossos arraiais. Uma das maiores expressões de consumismo hoje que se revela num “Cavalo de Tróia” são os cobiçados smartphones (celulares). Tudo de bom e de mau ficou mais acessível; inclusive o pecado. Muito fruto proibido sendo exibido a todo instante. Quando vejo uma amizade nas minhas redes sociais que possam me levar a flertar com o pecado eu excluo, saio do grupo, rejeito o convite. Desse mundo eu já vim; não tenho nenhuma vontade de voltar para o chiqueiro, porque não sou mais um porco.
Minhas redes sociais e de minha família são abertas. Minha esposa não tem nenhuma; navega nas minhas redes. Minha filha tem, mas com senha aberta.
Agora, o pai “poderoso” compra um smartphone de última geração ou um notebook exclusivo para o filhinho ou filhinha xixi na cama. E mais, com senha exclusiva! Elelizinho(a) tem direito à privacidade. Depois perguntam: Onde foi que eu errei, pastor?
Veja o que Paulo diz sobre possuir coisas:
Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia; o que resta é que também os que têm mulheres sejam como se não as tivessem;
E os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não folgassem; e os que compram, como se não possuíssem;
E os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa (1 Coríntios 7:29-31).
Nada levaremos deste mundo, senão as almas ganhas para Cristo, e as nossas próprias e de nossa família.
Como na Parábola das 10 virgens, a igreja precisa ser como aquelas que aguardaram vigilantes e preparadas a chegada do noivo.
Devemos ser a igreja alerta, não dormente; sóbria, não vacilante.
Imagem: Pixabay