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Estudo bíblico baseado em 1 Rs 18.1-16, intitulado: O Profeta do Manda Chuva e As Oportunidades das Calamidades.
Três anos depois (1) veio a palavra do Senhor a Elias dizendo: “Vai apresenta-te a Acabe, e darei chuva sobre a terra”. Elias foi. A fome era extrema (2). Acabe chamou Obadias, homem temente a Deus que escondera e sustentara cem profetas do Senhor, e manda-o procurar pelas fontes de água para ver se achava erva para que os animais não morram todos (4,5). Acabe e Obadias percorram a terra por caminhos diferentes à procura de água e alimento para os animais (6). Elias encontrou Obadias e este o reconhece e se prostrou sobre seu rosto (7). Elias mandou-o voltar e dizer a Acabe: “Elias está aqui” (8). Obadias ficou temeroso porque Acabe havia procurado por Elias em todo Israel, e todos lhe diziam não tê-lo visto. Obadias temeu porque o Espírito do Senhor poderia arrebatar Elias de repente e ele ficaria como mentiroso e seria punido pelo rei (9-10). Ele lembrou do seu feito para proteger os profetas do Senhor, de Jezabel (13), e de seu temor do rei (14). Elias prometeu que no mesmo dia se apresentaria a Acabe (15). Obadias anunciou a Acabe que tinha encontrado a Elias e este se apresenta ao rei (16).
Vemos aqui um tempo difícil, marcado pela idolatria protegida, praticada e ordenada pelo rei por decreto. Essa dificuldade traz consigo muitas oportunidades de testemunho, serviço e adoração a Deus. Vamos tirar lições dos testemunhos de Elias, mas também de Obadias.
O Profeta do Manda-Chuva e As Oportunidades das Dificuldades – Seu Testemunho
A primeira lição é o testemunho de Elias. O rei precisava saber quem era o “Para-Chuva” e o “Manda-Chuva”. Isto é, quem de fato, é o Rei. O Rei dos céus e da terra. O Rei dos reis e Senhor dos senhores. Aquele que faz chover e faz parar de chover. O Deus criador e sustentador de tudo. Não era Baal, mas sim Iavé, o Deus de Elias. Por isso ele deveria se apresentar ao rei e dizer-lhe as palavras de Deus. Então Acabe e todo o Israel saberia que Iavé é Deus (38,39), e que Elias é o seu porta-voz. Esta era a credencial do profeta de Iavé. O que ele falava acontecia.
O Profeta do Manda-Chuva e As Oportunidades das Dificuldades – O Ministério Profetico Hoje
Hoje, a igreja é a porta-voz de Cristo, Rei dos reis e Senhor dos senhores, aquele que tem autoridade no céu e na terra (Mt 28.28). Ele tem autoridade sobre a natureza (Mt 14.22-33; Jo 6.16-21). A igreja precisa ter voz profética, e ser ousada no Espírito Santo para enfrentar os reis, os baalins, as aserins e as jezabéis de hoje, e testemunhar fielmente do Senhor.
O Profeta do Manda-Chuva e As Oportunidades das Dificuldades – O Testemunho de Obadias
A Segunda lição é de Obadias. Foram três anos e meio sem chuva (v 1; ver também Lc 4.25; Tg 5.17). Elias teria profetizado antes da estação da chuva, no meio do ano. Por causa disso, “a fome era extrema em Samaria” (2). Obadias conservou sua fé e demonstrou sua piedade num contexto de dificuldade causado por um rei infiel e sua esposa perversa, mesmo sendo um importante servidor da corte (3). Obadias não se deixou influenciar pela loucura do rei.
Ele manteve também sua piedade diante da escassez de alimento, e sustentou os profetas de Iavé. Assim, Obadias fez da calamidade de sua época, uma oportunidade de testemunho de fé inabalável, de serviço aos sacerdotes como expressão de adoração ao Senhor. Para ele, mesmo diante do decreto de adoração a Baal e a Asera, Iavé continuava sendo o seu Deus único e verdadeiro.
O Profeta do Manda-Chuva e As Oportunidades das Dificuldades – Perguntas para Respondermos
E nós? Como temos encarado as dificuldades de nosso tempo? Diante da idolatria e da devassidão moral que cresce assustadoramente nos nossos dias, qual tem sido a nossa resposta? De fé ou de incredulidade? De piedade ou de desprezo às coisas de Deus?
O Profeta do Manda-Chuva e As Oportunidades das Dificuldades – Sua Justiça
Como Deus é justo, seu profeta também o é. Obadias teve medo de dizer a Acabe onde estava Elias, pois poderia ser que quando ele fosse dar a notícia ao rei, o Espírito do Senhor levasse o profeta para outro lugar (12). Acabe não encontrando Elias, puniria a Obadias. Três palavras sobre isto: 1 – Acreditava-se na ação sobrenatural de Deus na vida do profeta. Por isso, Elias não fora encontrado antes, apesar do rei tê-lo procurado em Israel, e até, em outras nações (10). 2 – Elias desapareceria realmente, de forma sobrenatural (2 Rs 2.11). Isto já fora revelado aos profetas; eles já estavam atentos (2 Rs 2.11). 3 – O profeta do Deus justo age com justiça ao proteger a vida piedosa de Obadias, não desaparecendo, mas apresentando-se a Acabe (15). Acabe parece respeitar Elias. Ele atende o chamado de Elias e vai encontrá-lo (8,16). Mas como veremos mais adiante (cap 20), parece que Acabe era “um menino bem mandado” da mulher, um homem de personalidade fraca, um banana.
Acabe acusa Elias de ser o “perturbador de Israel” (17). Elias rebate a acusação: “Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai. Deixaste os mandamentos do Senhor e seguistes os baalins” (18).
O Profeta do Manda-Chuva e As Oportunidades das Dificuldades – Seu Desafio
Elias diz a Acabe que mande reunir no monte Carmelo todo o povo de Israel, os 450 profetas de Baal e os 400 profetas de Asera (19, Aserá ou Aserim, [m. Pl], ou ainda, Astarote [f.], quer dizer “bosque”. Ela era adorada nos montes [2 Rs 23.6]; tratava-se de um tronco de árvore adorado como Asera, representante da fertilidade [Ex 34.13; Jz 6.25,28; 1 Rs 16.33; 18.19-40; 2 Rs 23.7]).
O profeta não pode se calar, nem omitir nenhum detalhe da mensagem de Deus. Ele é corajoso. Prega a palavra a qualquer pessoa com autoridade profética. Ele é fiel e denuncia o pecado de quem quer que seja. Ele fala em nome de Deus, a Autoridade (2 Tm 4.2).
O Profeta do Manda-Chuva e As Oportunidades das Dificuldades – Combate a Falsa Paz
Quando o profeta fala, ele perturba a falsa paz. A paz da idolatria é falsa (Is 42.17; 44.18). Certo professor dizia que a pregação tem dois objetivos: 1º consolar os aflitos; 2º afligir os consolados. Isto porque quem está aflito precisa de consolo de Deus. Quem está consolado provavelmente não está lutando contra o pecado, então, está vivendo uma falsa consolação. Como diz o hino do Cantor cristão, número 116, “Vem demole os alicerces da enganosa paz, aos errados concedendo, salvação veraz”.
O Profeta do Manda-Chuva e As Oportunidades das Dificuldades – Enfrenta o Rei
O profeta é desafiador. Ele não desafiou qualquer pessoa, mas o rei de Israel. A idolatria tem crescido tanto, que talvez tenhamos que fazer igual Elias: desafiar os idólatras. Desafiar o sistema político, financeiro e social que querem ditar as regras, as leis e os comportamentos, alheios aos mandamentos de Deus. A igreja primitiva pediu poder para isso e recebeu (At 4.24-31). A igreja de hoje precisa fazer o mesmo.
O profeta é denunciador do pecado. A denúncia profética é clara: “Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai. Deixaste os mandamentos do Senhor e seguistes os baalins” (18). O rei era quem estava perturbando, tirando a verdadeira paz de Israel, e levando o povo a desobedecer a Deus. O profeta não é apenas um vidente. Ele não prevê o futuro apenas. Ele acusa o povo de trair o pacto com Deus (Ex 20; Dt 5; 18.9-14). O profeta anuncia a insatisfação de Deus. Chama o povo ao arrependimento (Is 55). E anuncia a punição a quem não se arrepender (Jr 2.19).
A perturbação vem pela desobediência a Deus. Seca e escassez podem ser atos punitivos de Deus contra a rebeldia. Hoje vemos muitas catástrofes naturais: seca num lugar, enchentes em outros, terremotos, maremotos, fome, pestes, violência, etc. Será que não é consequências do pecado?
O Profeta do Manda-Chuva e As Oportunidades das Dificuldades – Desafio ao Povo
Acabe convoca o povo e reuni os profetas (20). Elias exorta o povo de Israel “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; mas se Baal, segui-o. Porém o povo não lhe respondeu nada” (21).
Exortação profética. O profeta é decidido e chama o povo à decisão, e o faz ironicamente. Coxear é mancar, vacilar, alternar entre um pé e outro, num ritmo esquizofrênico. O povo estava coxeando entre dois pensamentos: Iavé é Deus e, Baal é deus. Manquejavam com joelhos alternados como os falsos profetas. Assim o povo seguia: um joelho para Baal e outra para Iavé. O profeta chama-lhe à decisão dizendo, em outras palavras, isto que vocês estão fazendo é impossível. Vocês precisam escolher, precisam decidir e seguir a um ou a outro. Não teremos um sincretismo entre Baal e Iavé. Iavé não pode ser misturado com coisa alguma. Jesus também nos desafia a escolhermos o caminho da vida ou da perdição (Mt 7.13,14), pois não é possível servirmos a dois senhores: servir a Deus e a Mamom (Mt 6.24).
O profeta denuncia destemidamente o pecado do povo. Ele não tem medo da opinião pública. Ele é op profeta do Manda-Chuva.