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Caim, Maldito Sobre A Terra Maldita (Gn 8-16). Já adiantamos algo sobre este tema no tópico anterior. Neste tópico, Deus chama Caim para prestar contas do assassinato de seu irmão, Abel, julga-o e o amaldiçoa. Foi o Primeiro Assassinato na Família Humana.
Eva cantou feliz por ter dado à luz um homem (4.1). Ela frutificou como Deus havia ordenado (1.28).
Agora, Caim fez o contrário: matou a seu irmão, interrompeu-lhe a vida, enquanto ele seguia adiante, sem concorrência e pródigo.
Um jeito dramático de se eliminar a concorrência. Deus julgará a cada um que pisar no outro, eliminá-lo ou mesmo disser: Louco! (Mt 5.22).
Primeiro assassinato na primeira família. o começo da morte física.
Caim extravasou sua ira mesmo depois de advertido por Deus (6,7). Um pecado consciente; crime premeditado.
Seu crime foi praticado com traição e, traição é surpreender a irmandade, trair os laços de sangue com violência (8).
Deus chamou-o ao julgamento inquirindo sobre onde estava seu irmão. A resposta apática e rebelde de Caim revela que, de fato, ele não era boa índole. Por isso foi rejeitado. Disse ele ao Senhor: “Não sei; acaso sou eu tutor de meu irmão?” Ele foi mentiroso, dissimulado e irreverente.
Deus sabe quando o homem tenta se esconder (3.9) e/ou, esconder algo errado.
“A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim” significa mais ou menos: “Eu sei o que você fez seu criminoso”. E, ainda, a alma (sangue é vida – Dt 12.23) está clamando por justiça (ver Ap 6.9,10). E agora vem a sentença: “Maldito por sobre a terra”. Desta, ele teria agora mais adversidade.
A unidade da família humana foi rompida da forma mais dramática: Assassinato.
Mas Deus cobra a responsabilidade de uns para com os outros (4.9; Lc 10.29). Ele não deixará impune nossa responsabilidade para com o próximo (Ez 3.18).
Mas o condenado fez uma apelação: “É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo” (13). Relatou seu estado: longe da presença de Deus, fugitivo e errante pela terra; temia que alguém o encontrasse e o matasse.
O Estado da Família Humana
Este relato é o estado da humanidade desde então: errante e longe de Deus. Isto é, sem comunhão.
Deus, então, decidiu abrandar a pena mediante apelação do réu. Pôs-lhe um sinal para protegê-lo. A vingança pertence a Deus, assim como a vida (Dt 32.25).
Mas quem poderia encontrá-lo se só havia sua família? Será que havia mais alguém na terra? Provavelmente sim, mas não eram ETs. Eram os descendentes de Adão e Eva, pois eles tiveram filhos e filhas (5.4).
Provavelmente Caim e Abel nem eram os únicos filhos do casal na época do assassinato de Abel. Eles talvez já tivessem filhas. Elas não foram mencionadas: 1 – Por que mulheres não eram contadas; 2 – Porque a ênfase do autor era mostrar as consequências do pecado. O assassinato de Abel foi algo chocante que descreveu a decadência da humanidade, e que continuaria (Gn 4.23; 6.5).
Caim retirou-se da presença do Senhor e habitou na terra de Node. Mas uma vez reforça a ideia de homem errante, distante de Deus.
Node significa “degredo”; “exílio” (Davis). Devemos nos lembrar de que o escritor está numa perspectiva muito posterior. Além disso, os lugares recebiam nome de acordo com seus habitantes ou experiências de alguém especial. Foi assim, por exemplo, que Luz passou a se chamar Betel por causa de Jacó (Gn 28.19). Certamente Caim, com seu histórico, nomeou aquela região ao oriente do Edén, de Node, exílio. Mas isso é só uma conjectura. Não sabemos com certeza.
O fato é que o homem é um errante sem Deus.