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Antes de seguirmos adiante em nossas meditações sobre o livro de Gênesis, nós precisamos falar sobre As Marcas de Deus na Vida de Abraão: o pacto, o sinal do pacto e a mudança de nome (Gn 17).
1ª Das As Marcas de Deus na Vida de Abraão: O Pacto
A palavra hebraica berith é traduzida por pacto ou aliança, mas ela assume maior significado com as palavras que nomeiam as duas grandes divisões da Bíblia: Velho e Novo Testamentos.
Conforme já abordado, o pacto com Abrão seguiu o costume da época. Quando duas pessoas faziam um pacto, cortavam animais e colocavam os pedaços em frente um do outro. Os pactuantes passavam pelo meio das partes. Com isso estariam dizendo que seriam despedaçados como aqueles animais se descumprissem o pacto. Assim, “cortavam um pacto”. Conforme vimos em Gênesis 15, Deus passou sozinho por entre as partes (15.17) garantindo morrer em cumprimento do seu pacto.
Em Gênesis 17, Deus reafirma o seu pacto a Abrão garantindo que ele seria pai aos 100 anos; Sarai, mãe aos 90. Eles riram. Em decorrência disso, o filho deles se chamou Isaque, que quer dizer “Riso” (17.21). O desfecho da piada no stund up divino foi mesmo de muito riso (Isaque).
Convém-nos acentuar que o pacto não é entre duas partes como seria se fosse entre dois homens. Deus é o doador e sustentador do pacto com Abrão; este só tinha que aceitar os termos de Deus. Deus é quem elege a quem doar o seu pacto. Deus é o autor do pacto, de suas regras e preceitos.
O Motivo de Deus
O motivo de Deus para doar o seu pacto com Abrão foi amor. Cabtree, em livro Teologia do Velho Testamento, descreve o hesed, palavra hebraica para “amor fiel e imutável de Deus no cumprimento das suas promessas”. Foi este o amor com que “Deus amou o mudo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
2ª As Marcas de Deus na Vida de Abraão: A Circuncisão
Em Gênesis 15 os animais foram cortados. Aqui o corte é o da circuncisão. Circuncidar é “cortar em volta”. A circuncisão é o sinal do pacto de Deus com Abrão. Abrão e todos os seus descendentes homens deveriam ser circuncidados como sinal da aliança com Deus. O menino deveria ser circuncidado no oitavo dia de nascido (Gn 17.9-12).
No Novo Testamento a circuncisão não é exigida. Ela dá lugar à circuncisão do coração, que significa contrição e arrependimento:
“Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus “ (Rm 2.29).
“Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura” (Gl 6.15).
É interessante que Deus tenha mandado Abrão colocar o sinal da circuncisão no órgão reprodutor. O pacto estava intimamente relacionado à reprodução. A promessa era que Abrão seria pai de multidões aos 100 anos. A circuncisão não deixaria sua posteridade se esquecer de que é um povo eleito pela graça (hesed) de Deus, e também por um fio de esperança e fé de seu patriarca.
3ª As Marcas de Deus na Vida de Abraão: Mudança de Nome
Já a mudança de nome está relacionada à nova fase de cumprimento da promessa de Deus a Abrão que, a partir de então seria Abraão.
Os nomes, na cultura da época, não era uma mera palavra que identificava alguém, mas era o que a pessoa significava, o caráter, a índole da pessoa. Podia ser, também, o que os pais desejavam que a criança fosse, ou ainda, um fato marcante no nascimento da mesma (Gn 35.18).
Tal mudança marcou o estabelecimento de Abraão como pai de multidões, e, posteriormente, pai da fé. Vemos que muitas doutrinas cristãs, como por exemplo as da carta de Paulo aos Romanos, tiveram origem na experiência de Abraão. Cito apenas um, a doutrina da justificação pela fé (Rm 4), mas outros são facilmente notáveis. Sobre isso, falaremos noutra ocasião.
Concluindo, temos no pacto de Deus com Abraão os fundamentos cristãos de fé e esperança e da eleição pela graça. A Deus toda honra!
Fonte:
1 – O Pentateuco, Isaltino Gomes Coelho Filho;
2 – Dicionário da Bíblia J. D. Davis;
3 – Bíblia Shedd;
4 – Comentário Bíblico Broadmam
5 – Teologia do Velho Testamento, A. E. Cabtree