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Açaí para Trump na COP 30 ameaçado até mesmo faltar na mesa dos paraenses.
Imagem de Pizza Man por Pixabay
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Enquanto o governador do Pará, Helder Barbalho, sonha em compartilhar uma tigela de açaí com Donald Trump durante a COP 30 em Belém, a realidade para os moradores locais é bem menos apetitosa. Se dentro do evento climático a estrela será o roxo amazônico, fora dos muros, o açaí, base da alimentação paraense como o arroz com feijão, se tornou um luxo para muitos.
Vejas as Explicações
Nos primeiros quatro meses do ano, o preço do açaí grosso, o preferido, saltou 56% em Belém, saindo de R$35,67 para R$52,10 o litro, segundo o Dieese-Pará. A esperada alta da entressafra, período chuvoso na Amazônia, não justifica tamanha escalada. A comparação com abril do ano passado revela um aumento de 7,1%, e em relação a 2023, a alta chega a 27,6%.
“Nunca tinha visto chegar a esse patamar de preços”, desabafa Paulo Tenório, batedor artesanal há 12 anos. A situação o forçou a fechar seu negócio e virar motorista de aplicativo, amargando uma “abstinência de açaí” e uma queda de 40% na renda.
A entressafra é apenas parte da equação. As mudanças climáticas aceleradas, intensificadas pelo El Niño, têm desequilibrado o ciclo de frutificação do açaizeiro, nativo de áreas de várzea. Secas prolongadas, como as de 2023 e 2024, encurtaram a safra e diminuíram o tamanho dos frutos. “O açaizeiro precisa de um equilíbrio tão preciso da natureza que o ser humano é um mero coadjuvante”, explica Nathiel Moraes, pesquisador do Instituto Açaí é Nosso e da UFPA.
Popularidade do Açaí Ameaça Faltar na Mesa dos Brasileiros Paraenses
Paradoxalmente, o aumento do preço coincide com a crescente popularidade global do açaí (Euterpe oleracea), de sobremesa na Califórnia a energético em Dubai. Para atender essa demanda, o cultivo em larga escala no Pará, que concentra 90% da produção nacional, bate recordes de exportação. Contudo, essa alta demanda também faz com que pequenos produtores locais vendam para as indústrias, contribuindo para a escassez em Belém.
Com a menor oferta, o açaí que chega à capital paraense é de qualidade inferior, “mais fino”. Para driblar os preços altos, os consumidores pedem “churamba” ou “chula”. A churamba é expressão usada na região amazônica para a água residual que sobra na lavagem dos caroços de açaí, após o açaí ser batido para preparar a polpa. Claro, isso torna a refeição menos nutritiva.
A distância também impacta a qualidade: na entressafra, o açaí vem de mais longe, como da Ilha do Marajó, chegando muitas vezes azedo.
Enquanto o resto do Brasil consome açaí como um sorvete, o paraense valoriza o fruto fresco. Mas a realidade tem forçado mudanças. O açaí congelado, antes rejeitado, começa a ganhar espaço nos supermercados. Os batedores artesanais, impedidos por normas sanitárias de congelar, temem perder mercado para as grandes fábricas. Uma lei estadual que liberava o congelamento foi vetada sob alegação de inconstitucionalidade e falta de critérios técnicos.
Adeus Açaí para Trump na COP 30
A cadeia produtiva local, que emprega milhares de pessoas, desde as comunidades quilombolas produtoras até os batedores, clama por apoio e tecnologia para enfrentar os desafios climáticos e garantir o acesso a esse alimento essencial. Enquanto o governador planeja um encontro exótico com a culinária amazônica, a mesa dos paraenses enfrenta uma crescente dificuldade em ter o açaí de cada dia.
Referências:
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