As Sentenças do Primeiro Julgamento da Humanidade

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O Primeiro Julgamento da Humanidade e suas Sentenças traçou as diretrizes da história, que culminará noutro julgamento final. Neste primeiro Julgamento, de Gn 3.14-19, encontramos as respostas para muitas indagações da vida, como: “Porque sofremos?”

1 – Sentenças à Serpente (14-15)

Maldita entre os animais domésticos e selvagens. Não seria jamais aceita entre um e outro grupo (14). A segunda parte do verso dá a entender que a serpente antes do pecado não rastejava. Possivelmente era ereta ou voava ou até, os dois. Mas, o mais provável é que a sentença se aplica ao possuidor da serpente, identificado em Ap 20.2 como Satanás.

A serpente é a primeira a receber a sentença. Não há muito diálogo de Deus com ela.

2 – Deus Entra Com A Promessa (15)

Esta promessa, como alguns defendem, aparece minimizada. Isto é, não determinando muito coisa, já que ambos, serpente e homem, produziriam ação mortal. Este feriria a cabeça da daquela; e aquela, o calcanhar deste.

Para outros, a mensagem é maximizada, chamada de Protoegelho, que significa: Proto, “primeiro”; evengelion, “evangelho”. Literalmente seria “Primeira Boa Notícia”.

Como Gênesis é o livro dos começos, aqui está o começo do Evangelho. E é significativo que este verso esteja dentro de um quadro de julgamento, pois desfazer o poder do mal e promover a salvação dos homens custaria sangue de um Homem especial dentro da história, sem pecados, num ambiente de julgamento. Deus se comprometeu a providenciá-lo. Uma segunda chance para parte da humanidade, que ouvir o chamado do Evangelho.

Na verdade, essa promessa parece simples e sem o brilho devido, porque os homens não puderam entendê-la por muito tempo. Ela foi anunciada em tom de mistério que só foi revelado quando o Evangelho alcançou sua plenitude:

Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto” (Rm 16.25).

Deus promete ferir a cabeça da serpente, sua sede de comando e ação. Neutralizar a ação do inimigo (15). Claro que esta segunda parte da sentença não se refere à serpente, mas a Satanás. A inimizade significa constante estado de guerra entre a descendência da serpente e o descendente (singular) da mulher.

“Ora, a Abraão e a seu descendente foram feitas as promessas; não diz: E a seus descendentes, como falando de muitos, mas como de um só: E a teu descendente, que é Cristo” (Gl 3:16).

O descendente da mulher feriria a cabeça do descendente da serpente, neutralizando, assim, sua obra. Enquanto que o descendente da serpente feriria o calcanhar do descende da mulher.

Isto já aconteceu na história quando Jesus de Nazaré teve seus pés feridos na cruz, e, com sua morte decorrente disto, Satanás teve seu poder anulado (1 Jo 3.8).

3 – Sentenças à Mulher (16)

Sofrimentos multiplicados na gravidez. Maternidade difícil.

Desejo da mulher para o marido: desejo de possuir a, mas sendo possuída por. O pecado trouxe desarmonia entre o casal. Agora ela o buscará e ele a dominará. Haverá tensão entre o casal.

Mas isto não vai acontecer porque Deus está dizendo. Isaltino diz que o texto não é determinador, mas constatador.

O fato que é constatável é a tensão criada. A casa está dividida. Não poderá subsistir (Mt 12.25). Agora haveria disputa entre o casal. Nunca haviam conhecido isso antes.

Qual é o meio de resolver isso? Torná-los um de novo. Isso só pode ser feito pelo milagre da religação dos elos partidos com Deus e, um com o outro:

Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste (Jo 17:21).

4 – Sentenças de Adão (17-19)

Note que a sentença ao homem é mais longa:

1 – A maldição entrou no mundo por causa do pecado do homem (17);

2 – O pecado constituiu-se de Adão ter feito o que Deus disse para não fazer (17);

3 – Em consequência disto a terra já não seria tão amistosa ao homem. Ela deixaria de ser o paraíso Ideal,  e produziria espinhos e cardos (3.18). Ela lhe seria adversária, hostil.

4 – “No suor”, significa “fadiga” para obter o pão de cada dia e, teria vida física limitada, quando voltaria ao pó de onde fora tirado.

5 – Deus não amaldiçoou o trabalho. O pecado o amaldiçoou. O trabalho seria realizado pelo homem antes do pecado com contentamento (2.15) e sem adversidade da terra. Deus criou o trabalho e Ele mesmo trabalha na realização das coisas que sustentam a vida. Deus estava no primeiro capítulo de Gênesis trabalhando na criação. Jesus declarou: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). Jesus mesmo realizou um trabalho penoso na cruz que lhe deu alegrias (Is 53.11).