Gênesis 1, O Primeiro Relato da Criação

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Gênesis 1, O Primeiro Relato da Criação (1.1-2.3): As origens dos céus e da terra e seus componentes.

Gênesis 1.1,2 “Os céus e a terra”, corresponde a todo o universo. A origem bíblica de tudo é Deus.

No princípio”, está sem artigo. Seria melhor traduzir “Em princípio”.

Deus é que traz à existência as coisas inexistentes. “Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí, perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem (Rm 4.17).

O verbo barah, criar,” como já foi mencionado, não significa somente criar do nada (ex nihilo), mas que se emprega exclusivamente para os atos criadores de Deus (Isaltino).

Olhando o texto 2.7 encontramos, entretanto, outro verbo ytser, “criar”. Agora criar a partir de algo pronto. Seja como for, o verbo barah indica um ato exclusivo e direto de Deus. Quando Deus dá uma ordem para algo criar, ou produzir alguma coisa é usado verbo diferente de barah.

Sem forma e vazia”, tohu (sem forma); boru (vazia). O verbo hebraico permite traduzir “era” por “estava”, “ficou”, “tornou-se”.

Gênesis 1 – As Teorias Correntes

teorias bem simpáticas de que entre 1.1 e 1.2 houve um espaço significativo de tempo, quando a terra teria sido criada. Nesse espaço de tempo houve a queda de Satanás (Is 45.18; Ez 28.12-17; Lc 10.18), o que veio fazer dela “sem forma e vazia”, com trevas e abismo (1.2). Aquele seria o tempo em que os dinossauros teriam sido extintos o que explicaria a idade antiga da terra e combinaria com a posição científica.

A teoria é simpática porque a árvore do conhecimento do bem e do mal parece ter algo a ver com a presença do bem e do mal coexistindo no mundo. Satanás já aparece logo no capítulo três, no Éden, aonde Deus também vem conversar com o homem.

A árvore da vida representa a vontade de Deus para o homem e que vai prevalecer. No novo céu e nova terra, mundo dos salvos em Cristo, a árvore da vida estará presente dando frutos todos os meses do ano, isto é, o tempo todo, completamente acessível como prêmio aos salvos:

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus (Ap 2.7).

No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações (Ap 22.2).

Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas (Ap 22.14). E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro (Ap 22.19).

Contra a teoria de uma Terra anterior a Gênesis 1, e tal como conhecemos, estão os seguintes argumentos defendidos pelo comentário Broadmam:

Há três razões por que esta teoria amplamente aceita não é satisfatória: (1)

O verbo hebraico está no passado perfeito, que descreve uma condição (era), e não ação subsequente (se tornou). Uma ação subsequente requereria uma conjunção com um passado imperfeito, em uma passagem de narrativa. (2) A condição da terra não era apenas desolada e vazia. Ela era sem forma e vazia. Não existe nenhum sinal de um estado anterior, e certamente de nenhuma rocha ou ossos antigos. (3) João, em Apocalipse 21:1, considerou a terra em que vivemos como a primeira terra, e não a segunda. A sua interpretação deve merecer o peso de um intérprete cristão”.

Devemos acrescentar a esta última declaração, que João foi credenciado por Cristo para ser mestre e guardião de Sua doutrina.

Ao que parece, a terra teve um estágio primário: “sem forma e vazia”. Isto indica uma primeira fase do projeto de criação, assim como hoje o projeto de nova criação está também numa fase até chegar sua conclusão no céu. Mas isto, na perspectiva histórica da humanidade, pois do ponto de vista de Deus, o Eterno está tudo realizado.

“Havia trevas sobre a face do abismo”. Trevas e abismo faziam parte desse período primário caótico. O elemento água também já existia (2 Pe 3.5) em maior parte.

Gênesis 1
Gênesis 1, O Primeiro Relato da Criação – Foto Pixabay

Gênesis 1 – Um Processo Arquitetado

Vemos que a criação teve um processo arquitetado. Havia o caos, “mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”. O Espírito é a extensão do próprio Deus, o hálito de Deus, o sopro, o vento do resfolgar de Deus. Sua doutrina só será desenvolvida no Novo Testamento.

Mas” indica contrariedade ao caos. Por que o Espírito paira sobre o caos haverá ordem. Ele é o elemento pelo qual se constrói a ordem contra caos.

Gênesis 1 – Pontos Consideráveis:

1 – O Gênesis, bem como toda a Bíblia, refuta o panteísmo (tudo é Deus e Deus é tudo). Deus é o Criador e não, parte da criação ou ela parte dele. Ela é produto de seu trabalho. Um prédio é produto do trabalho do homem, e não, parte desse homem, a não ser a expressão de sua inteligência, sua criatividade, por exemplo.

“Para o panteísmo o homem e um feixe de capim, e um monte de excremento de vaca têm o mesmo valor”. A Bíblia, porém, “coloca o homem como coroa da criação” (Isaltino). Nela o homem é alma vivente feito à imagem e semelhança de Deus, com capacidade de se relacionar com Deus.

2 – A Terra e a natureza devem ser tratadas como obras de Deus e, portanto, cuidadas, administrados como recursos doados por Deus ao homem para o bem deste. “Ela não é divina e nem o Universo o é”.

3 – A Bíblia refuta o dualismo persa. O dualismo era uma religião persa fundada por Zoroastro. Defendia que havia um deus do bem, Ormuzd (Ahura-Masda) da luz e, um deus do mal, Ariman das trevas. Mas Ormuzd sempre vencia e o bem prevalecia. Para a Bíblia só há um Deus que é o Criador. Outras forças são criaturas com poder e responsabilidade doados por Deus e subordinadas a Ele, as quais serão julgadas por Ele no devido tempo.

4 – A Bíblia refuta o politeísmo, isto é, a existência de vários deuses. Veja que o verbo concorda com o sujeito singular “No princípio criou Deus…”.

5 – Jesus ao citar o Gênesis reconhece a autoridade do mesmo.

6 – O Gênesis refuta a criação espontânea. Até porque se é criação, não pode ser chamada de “espontânea” (Prof. Adalto Lourenço).