Lippia origanoides: Uma Planta Versátil para a Agricultura e Indústria

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A Lippia origanoides, conhecida popularmente como alecrim-pimenta, é um arbusto ramificado encontrado em diversas regiões do Brasil, especialmente no Cerrado e na Caatinga. Reconhecida por suas propriedades aromáticas e medicinais, esta planta tem despertado grande interesse devido ao potencial de seu óleo essencial para uso em defensivos agrícolas naturais e em diversas indústrias.

Um Aliado Natural para a Agricultura

A Lippia origanoides se destaca como uma fonte promissora para o desenvolvimento de defensivos agrícolas naturais, também conhecidos como Agentes de Controle Biológico (ACBs). Esses defensivos, derivados de plantas, microrganismos ou minerais, são empregados na proteção de plantas contra pragas e doenças, oferecendo uma alternativa mais sustentável aos produtos químicos sintéticos.

A ação de compostos presentes na Lippia origanoides pode ser explicada por sua ação alelopática, que se refere à capacidade de uma planta influenciar o crescimento de outra, seja de forma favorável ou desfavorável. No contexto da defesa vegetal, essa ação atua diretamente na proteção contra o ataque de insetos e patógenos. Além disso, a planta é considerada um fitoprotetor, contribuindo para a saúde geral das culturas.

Óleos Essenciais: A Essência da Versatilidade

Os óleos essenciais são substâncias químicas aromáticas e voláteis, produzidas pelo metabolismo secundário de plantas aromáticas. Encontrados em diversas partes da planta, como folhas, flores, raízes e casca do caule, esses óleos possuem fragrâncias variadas e um vasto leque de aplicações.

Além de seu uso na indústria de perfumes e cremes e no ramo alimentício, os óleos essenciais de Lippia origanoides são de grande interesse para a produção de bioherbicidas, reforçando seu papel como defensivo agrícola natural.

Composição Química: Riqueza e Diversidade

A Lippia origanoides é rica em diversos compostos, sendo o timol, o carvacrol e o beta-cariofileno os principais. No entanto, a literatura também aponta a presença de outras moléculas majoritárias, como:

p-cimeno

1,8-cineol

Isoborneol

α-selineno

α-humuleno

É importante notar que a composição química pode variar, e um quimiotipo específico, encontrado em áreas de cerrado nativo, apresentou predominância de sesquiterpenos, como:

α-selineno (27,8%)

α-humuleno (18,3%)

Biciclogermacreno (15,9%)

Germacreno D (7,5%)

Essa diversidade química é fundamental para as múltiplas aplicações da planta.

Cultivo e Manejo da Lippia origanoides

O cultivo da Lippia origanoides apresenta boa adaptação em diversas regiões do Brasil, especialmente no Nordeste, prosperando em solos rochosos e altitudes variadas.

Condições de Cultivo:

A planta se desenvolve bem em condições de cerrado e Caatinga, em altitudes que variam de 160 a 1800 metros.

Propagação:

A propagação é feita preferencialmente por estacas caulinares (apicais e basais de 10-20 cm), com 2-3 pares de folhas. O processo é mais eficaz durante a época chuvosa ou em estufas com umidade controlada, utilizando substratos variados (areia, terra preta, terra argilosa, substrato comercial ou misto) em diferentes recipientes.

Plantio:

O plantio deve ser realizado no início do período chuvoso, com espaçamento recomendado de 1,5 x 1,0 m ou 1,0 x 1,0 m, dependendo da arquitetura da planta e do sistema de produção. Em cultivos mecanizados, o espaçamento pode ser reduzido para 0,5 x 0,5 m. A adubação com esterco de curral curtido ou composto orgânico nas covas ou sulcos é fundamental.

Cuidados:

A manutenção da cultura envolve capinas manuais para controle de ervas daninhas. Em plantas jovens, é importante monitorar e controlar o ataque de pragas como a mosca-branca (Bemisia tabaci) e as abelhas irapuã (Trigona sp.).

Colheita:

A primeira colheita pode ser realizada aos 120 dias após o plantio, com intervalos subsequentes de 120 dias. O corte deve ser feito a 30 cm de altura do solo, entre 11:00 e 13:00 horas, período em que a planta apresenta maior teor de timol. Em cultivos mecanizados, com dois cortes por ano, a produtividade de óleo essencial pode atingir até 100 litros por hectare.

Secagem:

As folhas e inflorescências devem ser secas à sombra por 4 dias na estação seca ou 6 dias na época chuvosa. Uma alternativa é a secagem em secadores com circulação forçada de ar a 40ºC por 36 horas.

Potencial e Recomendações

Na região Nordeste, a Lippia origanoides tem demonstrado um grande potencial, com produções de massa verde que podem alcançar 20 toneladas por hectare, rendendo cerca de 130 litros de óleo essencial. Diante desse cenário promissor, a divulgação de informações sobre o cultivo e o mercado do óleo essencial da Lippia origanoides é crucial para impulsionar seu uso e exploração sustentável.

Assista ao vídeo sobre Lipia Origanoides no meu canal no Youtube. Clique Aqui.

Referências:

Alice Embrapa

PDF PLANTAS PEQUENAS DO CERRADO

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